A maioria das 635 mil famílias do estado planta feijão, milho e mandioca, aproveitando os meses de chuva
A nova política de valorização do homem do campo na Bahia e em todo o país foi o principal tema discutido ontem na abertura do II Congresso Estadual de Agricultura Familiar, organizado pela Federação dos Trabalhadores em Agricultura Familiar da Bahia (Fetraf/BA). Com o tema Agricultura Familiar – As Mãos que Alimentam a Nação, o evento conta com 1,5 mil produtores, representando 147 municípios. As discussões prosseguem até amanhã, no Clube Campomar, em Salvador.A solenidade de abertura teve a participação do governador Jaques Wagner, que recebeu do coordenador-geral da Fetraf, Joeleno Monteiro, a pauta de reivindicações dos agricultores baianos. Nela, há solicitações relacionadas a infra-estrutura no campo, habitação, saneamento básico e metodologias pedagógicas que garantam a inclusão da realidade rural no conteúdo didático das escolas.
"Pleiteamos ainda um maior estímulo a atividades produtivas, como fruticultura, apicultura e criação de caprinos, ovinos e aves, além da recuperação de nascentes e matas ciliares em diversas regiões e o incremento do turismo rural no Vale do Jiquiriçá e na Chapada Diamantina", afirmou Monteiro, agricultor em Eunápolis.
Ao avaliar o quadro geral da agricultura familiar baiana, ele declarou que foram poucos os avanços obtidos nas administrações anteriores, mas existe a esperança no novo governo. Como uma ação positiva já realizada, ele citou a criação, na estrutura da Secretaria da Agricultura (Seagri), da Superintendência de Agricultura Familiar (Suaf).
O governador defendeu a boa convivência entre o agronegócio e a agricultura familiar, que, na sua opinião, cumprem papéis diferentes, porém complementares.
"Somos o estado com o maior contingente de população rural que vive da agricultura familiar, a origem de 60% dos alimentos que chegam à nossa mesa", destacou Wagner, ao lado do ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, também convidado para o congresso.
A Bahia conta hoje com 635 mil famílias de agricultores familiares. A maioria planta feijão, milho e mandioca, aproveitando sempre os meses de chuva. Como forma de subsistência, uma grande parte também cria pequenos animais, como galinhas, para reserva alimentar.
Do litoral ao semi-árido, também é muito comum o cultivo de frutas, como manga e goiaba. O maior número está concentrado na região chamada Nordeste II da Bahia, que compreende as cidades de Ribeira do Pombal, Cícero Dantas e vizinhanças.
Cátia Sousa de Almeida, presente ao evento, mora com os pais no município de Rafael Jambeiro e os ajuda na prática da agricultura familiar. A comercialização do feijão, do milho, do aipim e da mandioca que ela planta no inverno é a única fonte de renda da família.
A falta de chuvas é um problema sério, mas Cátia afirmou que a agricultura familiar é capaz de proporcionar qualidade de vida. "Com a aplicação das técnicas adequadas e o apoio do poder público, é muito gratificante trabalhar como lavradora", disse, embora ela ainda se queixe da escassez de poços artesianos para armazenar a água que irriga as plantações.
Já em Santa Rita de Cássia, no Oeste baiano, Clementino Pereira da Silva, 41 anos, garante o sustento de sua família, incluindo sua mulher e o filho de 7 anos, com o plantio de feijão, milho e mandioca.
Sua queixa é a escassez de chuvas na região, o que atrapalha o cultivo e, conseqüentemente, a comercialização. "Precisamos também de melhores estradas para escoar nossa produção", declarou Clementino, ressaltando o aspecto positivo do evento: "O congresso ajuda a promover uma maior integração entre os agricultores."
Políticas públicas
Para o ministro, eventos como este congresso são importantes para aperfeiçoar as políticas públicas relacionadas à atividade. "A agricultura familiar representa mais de 11% do Produto Interno Bruto do Brasil, ou seja, é de grande relevância econômica para o Nordeste e para o país", analisou.
Segundo Cassel, a revitalização do Sistema Brasileiro de Assistência Técnica, promovido pelo governo federal e que contempla os mais de 4 milhões de agricultores familiares do país, proporcionou aos produtores as condições mais adequadas para o trabalho.
Estado é pioneiro na reprodução do bijupirá
Técnicos da Bahia Pesca estudaram o pescado durante três anos
A Bahia é o primeiro estado brasileiro a reproduzir o bijupirá em cativeiro, uma das espécies mais valorizadas na aqüicultura. A Fazenda Oruabo, localizada em Santo Amaro, pertence à Bahia Pesca e possui um laboratório de piscicultura marinha onde ocorrem as desovas.
A unidade possui também o maior plantel de animais (cerca de 200 domesticados) do Brasil e tem capacidade para produzir inicialmente 100 mil alevinos por ano.
A potencialidade da piscicultura de espécies marinhas vem crescendo em todo o mundo, em função da demanda de peixes e pelo esgotamento dos cardumes. O projeto possui benefícios sociais e ecológicos, porque o bijupirá é uma espécie de valor comercial extremamente significativo.
Técnicos da Bahia Pesca trabalharam durante três anos para obter esses primeiros resultados e contaram com a consultoria técnica de professores da Universidade de Miami e com a parceria da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República (Seap-PR).
Características da espécie
O peixe apresenta crescimento acelerado e pode chegar a pesar entre seis e oito quilos em apenas um ano de cativeiro
O bijupirá tem um ótimo crescimento, chegando a pesar entre seis e oito quilos em apenas um ano em cativeiro. Habita as regiões Norte, Sudeste e Sul, sendo mais comum no Nordeste.
É um peixe de escamas muito pequenas, encontrado em superfície e meia-água. Vive em áreas costeiras e no alto-mar, podendo ser encontrado ocasionalmente em águas rasas com fundo rochoso ou de recife, assim como estuários e baías.
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