19 abril 2007

Bahia e EUA querem ampliar relações comerciais

“O estreitamento das relações entre a Bahia e os EUA deve ser feito por meio de missões e aumentando-se os investimentos e o fluxo comercial entre as duas regiões, pois o estado é rico em clima, povo e cultura”. A declaração, do embaixador dos EUA, Clifford Sobel, durante o seminário Desafios e Perspectivas para a Bahia 2007/2010, realizado hoje (18), com a participação do governador Jaques Wagner, demonstra o interesse dos americanos em firmar acordos de cooperação com a Bahia nas áreas energética, empresarial, comercial, de transferência tecnológica e turismo.

Sobel reafirmou a importância do potencial baiano na produção de biocombustíveis, como o etanol, que desperta um interesse especial dos EUA. “O Brasil é uma potência energética emergente e um dos principais atrativos da produção brasileira é o preço do etanol, que oferece uma perspectiva para a transformação do mercado de combustíveis renováveis”, declarou.

Para ele, é necessário que se junte governo e empresariado para ampliar o intercâmbio entre a Bahia e os EUA. “O presidente Bush disse que é parceiro no processo de transformação porque o Brasil está passando e, após a sua última visita ao país, ele está confiante de que aqui pode-se investir”, comentou.

“Nós temos tudo para ampliar o nosso comércio com os Estados Unidos, pois é inconcebível que navios de carga desçam até Santos ou até o Rio de Janeiro e não parem na maior baía tropical do mundo”, afirmou Wagner. Segundo ele, a Baía de Todos os Santos possui uma condição excepcional para receber os cargueiros com produtos americanos e para servir de saída para produtos nacionais.

Ainda sobre logística, o governador afirmou que o Estado quer construir a ferrovia oeste-leste para escoar produtos como os grãos do oeste baiano e, segundo ele, as empresas americanas que quiserem investir serão bem vindas. “Já temos vários investimentos privados importantes, por exemplo, por meio de Parcerias Público Privadas (PPP), a exemplo do que acontece no Baixio de Irecê, no Salitre e no sul do estado”, apontou.

Wagner lembrou que a Bahia é o estado nordestino com maior economia, população e parque industrial. “Os EUA estão presentes aqui, na figura de empresas como a Ford, que recentemente declarou que a maior produtividade da empresa em todo o mundo está na unidade de Camaçari. O mesmo acontece com os japoneses da Bridgestone e com os europeus da Nestlé, e isso nos deixa muito orgulhosos”, afirmou.

Ele disse que, para atrair novos investimentos dos norte-americanos, o Estado está divulgando suas qualidades e mostrando o que tem a oferecer em termos de mão-de-obra e incentivos fiscais. “Mas, temos que ser realistas: as negociações têm que caber no orçamento do Estado. Incentivos onde você acaba bancando o investimento precisam ser muito bem avaliados, pois é necessário uma prioridade de equilíbrio, ou quem acabará pagando por estes empreendimentos será o povo baiano”, observou.

A grande presença do empresariado baiano tornou o encontro um evento histórico, na opinião do governador. “Na medida em que o presidente Lula estreita relações comerciais com os EUA, nós devemos aproveitar este momento. Somos a sexta economia do país que, por sua vez, é a décima no ranking mundial”, declarou. Ele disse que são vários os focos de interesse na relação entre Brasil e EUA: “Além da atração de empreendimentos, há ainda a área de turismo que precisa crescer muito. Para isso, em setembro começam a operar cinco vôos diretos semanais entre Miami/Salvador”.

Matrizes energéticas
Lembrando que a bioenergia é uma das prioridades do governo federal, o governador disse que a Bahia tem potencial para cumprir um papel importante nessa área, devido à sua capacidade de produção agrícola: “Estamos tentando fazer um território do álcool no oeste baiano. A região de Juazeiro já é a de maior produtividade brasileira deste combustível, com uma média de 100 toneladas por hectare, enquanto em São Paulo, quando muito, o índice chega a 75 toneladas”.

Quanto ao gás natural, o governador declarou que, apesar da assinatura do contrato entre a Bahiagás e a Petrobras ter sido uma grande conquista, é necessário cautela. “Com a produção do campo de Manati, nós paramos de importar gás de Sergipe, mas a vida útil do poço é de cerca de dez anos e, portanto, não havendo novas descobertas, não podemos ficar projetando a nossa indústria sobre um insumo limitado. Assim, precisamos tomar cuidado com o que estamos construindo para não passarmos dificuldades mais para a frente”, advertiu.

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