21 agosto 2007

Variedade de mandioca tem recorde de produtividade em Guanambi

“Nunca aconteceu produtividade semelhante na região, com nenhuma outra variedade, mesmo antes da ocorrência do mal que passou a prejudicar as lavouras de mandioca de uns tempos pra cá”. O comentário é do agricultor Natanael de Castro Silva, da comunidade de Gameleira, em Guanambi, entusiasmado com a produção recorde de 122 sacas (de 50 kg) de farinha de boa qualidade da variedade de mandioca Formosa.

A variedade foi plantada em um hectare, no campo de multiplicação de maniva, em Gameleira, pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), vinculada à Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri), em parceria com o Banco do Brasil e um grupo de agricultores, em novembro de 2005. Os resultados atestam resistência à bacteriose (principal doença da mandioca), tolerância à seca, maior produtividade de raízes e de matéria seca nas raízes, o que justifica a colheita recorde efetuada no mês de junho/2007.

Vinte famílias das comunidades Gameleira, Mutans, Lagoa da Torta, Larguinho, Ichu e Lajedão estão plantando a variedade com satisfação. Há um ano trabalhando com outras variedades eles não conseguiam colher mais de 50 sacas de farinha. “Estou ansioso para plantar em uma área maior e conseguir aumentar a minha produtividade”, disse o agricultor Vanderley Lima de Oliveira, de 44 anos.

A previsão, segundo os técnicos da EBDA, é, em dois anos, introduzir a variedade Formosa em 200 propriedades de agricultores familiares e aumentar a área de um para cinco hectares plantados, em cada propriedade. “O objetivo é oferecer essa nova variedade para o agricultor familiar da região, que sofre há muitos anos com a baixa produtividade, utilizando variedades de baixo potencial produtivo, ocorrência de pragas e doenças”, ressaltou o agrônomo da EBDA, Osório Vasconcelos.

De acordo com o IBGE, os 38 municípios que compõem a região de Caetité cultivam aproximadamente 30 mil hectares de mandioca, com produtividade de 10 mil quilos de raiz por hectare, contribuindo com 8% da área e 7% da produção do estado, cuja produtividade é de 12,7 mil quilos de raiz por hectare. Esses números são considerados baixos, comparados aos estados do Paraná com produtividade de 21.387 kg/ha e de Santana Catarina com 19.407 kg/ha.

A partir do ano de 1997, a bacteriose foi identificada no distrito de Maniaçu, município de Caetité, com extensão a outras localidades e municípios da região. Na safra 2003/2004 ocorreram perdas de lavouras inteiras em algumas comunidades.

A variedade
A variedade Formosa foi desenvolvida a partir de cruzamentos realizados pela Embrapa Mandioca e Fruticultura em 1986, sendo submetida a fortes pressões da bactéria Xanthomonas campestris pv manihots, causadora da doença, pela Embrapa Cerrados, em Planaltina-DF, no ano de 1988. Lá a doença é bastante comum e onde foi selecionada inicialmente pela sua resistência à bacteriose.

Em experimentos conduzidos no município de Barreiras, oeste da Bahia, e ainda em Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal, esta variedade apresentou rendimentos de 42,97 a 62,7 toneladas por hectare, aos 18 meses após o plantio, com o uso de insumos e manejos tecnológicos adequados.

Entre 1997 e 2001, a variedade Formosa foi avaliada em 14 comunidades de agricultores, nos municípios de Igaporã, Caetité, Lagoa Real, Tanque Novo, Macaúbas, Riacho de Santana e Aracatu, utilizando o sistema tradicional do agricultor, sem o uso de insumos.

Os rendimentos de raízes foram muito variáveis, de acordo com os municípios, o período agrícola e as comunidades, apresentando uma média geral de 22,6 toneladas por hectare, através do Projeto Incorporação dos Agricultores no Processo de Seleção, Difusão e Multiplicação de Variedades de Mandioca na Região Sudoeste e Semi-Árida do Estado da Bahia com recursos do Pronaf-Pesquisa, numa parceria da EBDA, através da Gerência Regional de Caetité, com a Embrapa Mandioca e Fruticultura.

A cultura na região
Nos últimos anos, a EBDA e Embrapa, num esforço conjunto, vêm atuando na região sudoeste para gerar e adaptar tecnologias, além de produzir conhecimento baseado nas demandas e realidades do agricultor, envolvendo cerca de 40 comunidades.

Os resultados, de acordo Osório Pimentel, indicam que é possível melhorar a eficiência dos sistemas de produção, principalmente em relação ao aumento da produtividade, através de incorporação de novas variedades, promoção da fertilidade do solo e condução de um manejo de práticas culturais adequadas.

Constatou-se também que a maioria das unidades de processamento de mandioca existentes na região pode ser melhorada com algumas adaptações, principalmente quanto ao componente para a obtenção de goma, com simples implantação de tanques em sistemas seqüenciais e aproveitamento da manipueira para vários fins, evitando o escorrimento a céu aberto, e conseqüentemente, a poluição do meio ambiente.

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