02 março 2007

Suítes “vip” do Roberto Santos viram enfermarias para deficientes e obesos

A existência de duas suítes “vip” bem equipadas, inclusive com acomodações para acompanhantes, surpreendeu até funcionários que trabalham há mais de 20 anos no Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), em Salvador. Os apartamentos diferenciados ficaram expostos depois que uma ventania derrubou as divisórias que os separavam do restante do 2º andar.

“São suítes bem decoradas, com pias em granito, vidros blindex, ar condicionado, poltronas reclináveis e televisores de 29 polegadas”, revelou o diretor do HGRS, o médico Roberval Gonzalez. Os critérios para receber pacientes nas duas suítes eram definidos pela antiga direção do hospital.

Com respaldo do secretário estadual de Saúde, Jorge Solla, a atual diretoria do Roberto Santos transformou as duas unidades “vip” em enfermarias com dois leitos, cada, preferencialmente para pacientes com deficiência física e obesidade. “Achamos que não deveríamos destruir um patrimônio público, mas dar outra destinação a ele”, disse Gonzalez, médico há 27 anos, gestor da área de saúde há 18 e ex-conselheiro do Cremeb.

O luxo das duas suítes de primeiro mundo contrastava com o lixo e o abandono encontrados no restante do HGRS. As infiltrações na cozinha já foram corrigidas pela empresa que fornece alimentação e as condições técnicas de funcionamento já são boas. Falta corrigir a má-conservação predial nos tetos, paredes e pisos. O cronograma de recuperação está sendo ultimado.

Desafios da gestão
Para Gonzalez, os desafios da nova gestão têm sido repor os estoques de medicamentos e materiais necessários ao bom funcionamento do hospital – muitos foram entregues em estado crítico, sendo necessário o apoio de outros hospitais públicos; e restabelecer o funcionamento pleno do centro cirúrgico, de forma a atender a demanda de pacientes. Devido a problemas no sistema de ar condicionado central do HGRS, o capacidade foi muito reduzida.

Com as condutas emergenciais adotadas, as condições do centro cirúrgico serão restabelecidas em 75%. Paralelamente, o diretor está buscando, dentro da forma legal, corrigir o problema do ar condicionado em todas as dependências do hospital.

“Quero ressaltar a cooperação dos funcionários para que os pacientes sejam adequadamente assistidos e na condução das melhores condições de trabalho e funcionamento do hospital, pelo qual demonstram grande carinho”, disse Roberval Gonzalez.

Vistoria no Carnaval
No sábado de Carnaval, Solla e Gonzalez fizeram uma vistoria em todas as dependências do hospital e detectaram material de farmácia e camas, em grande quantidade, largados nos corredores do subsolo, em local aberto e de circulação de pessoal, com empilhamento indevido. No laboratório de anatomia patológica também havia grande quantidade de material mal acondicionado, o mesmo acontecendo com órteses e próteses de custos elevados.

Os banheiros dos funcionários estavam depredados, cheios de lixo e resíduos de materiais de limpeza. O lixo hospitalar, em grande quantidade, também era mal acondicionado, expondo pacientes, funcionários e visitantes a risco de infecções. O diretor do Roberto Santos já tinha apontado estas irregularidades logo que assumiu a gestão do hospital.

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