14 junho 2007

EBDA instala novas áreas de pesquisa com pinhão-manso

Espaçamento, densidade, consórcio com culturas de ciclo curto, métodos e épocas de poda, e adubação química e orgânica são atividades realizadas na segunda etapa das avaliações realizadas com a cultura do pinhão-manso, dentro do Projeto de Desenvolvimento de Sistema de Produção para a Cultura do Pinhão-Manso no Estado da Bahia.

Executados pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A. (EBDA), em parceria com as Universidades Federal da Bahia (Ufba), Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), e Católica de Salvador (Ucsal), os ensaios foram instalados no Recôncavo baiano, nas estações experimentais da EBDA, nos municípios de Conceição do Almeida, Amélia Rodrigues e Alagoinhas, e nas dependências da UFRB, em Cruz das Almas.

A primeira etapa do projeto, instalada no ano passado, constou de 15 Unidades de Observação (UO), implantadas para avaliar o comportamento da cultura em diferentes condições agroecológicas e socioeconômicas da Bahia e selecionar plantas matrizes para produção de sementes visando atender aos produtores baianos.

Os municípios selecionados foram os de Amélia Rodrigues, Irará, Alagoinhas, Conceição do Almeida, Irecê, Itaetê, Utinga, Ourolândia e Ribeira do Pombal, com um experimento cada. No município de Itaberaba, foram instaladas duas unidades e em Iraquara três unidades.

Nessas áreas estão sendo realizados os registros da incidência de ataque de pragas e de doenças, de floração e frutificação, altura de planta, número de ramificações/planta, de cachos/planta, número de frutos/cacho e tomada de dados pluviométricos.

O presidente da EBDA, Emerson Leal, vê nessa alternativa a possibilidade de exploração econômica por parte dos agricultores familiares. “A empresa prevê desenvolver tecnologias que possibilitem a exploração pelo agricultor familiar, uma vez que essa é uma cultura que tem demonstrado grande compatibilidade com as condições de clima e solo baianos e ainda de fácil manuseio e grande rentabilidade, haja vista a importância desse tipo de combustível para todo o mundo”, comentou.

Manual
Segundo o coordenador dos trabalhos, o pesquisador da EBDA, Benedito Lemos de Carvalho, a seleção de plantas matrizes para a produção de sementes, e de identificação de cultivares a serem recomendados para as diferentes regiões do estado, será feita a partir dessas unidades de observação. A seleção das plantas será assistida por marcadores moleculares, uma técnica que serve para identificar os melhores materiais através de um processo biotecnológico.

“Todos esses trabalhos vão gerar informações para aprimorar o Manual de Instruções Técnicas para o Cultivo do Pinhão-Manso, publicação da EBDA, que é um instrumento importante para técnicos e produtores rurais na implantação de lavouras comerciais da cultura”, informou Benedito Carvalho.

Os recursos para implantação e acompanhamento das atividades, até o momento, segundo o pesquisador, estão sendo exclusivamente da EBDA, embora já existam recursos alocados no Fundo de Desenvolvimento Científico, do Banco do Nordeste, e também junto à Petrobras.

Quanto aos resultados já obtidos, Benedito Carvalho informou que, em função das diferentes épocas de plantio, em algumas áreas as plantas apresentam excelente aspecto vegetativo, já em frutificação, enquanto em outras áreas a cultura ainda está em fase de floração. “Em Irecê, por exemplo, apesar do período de estiagem logo após o plantio, as plantas se comportaram de forma excelente, o que demonstra uma boa resistência ao estresse hídrico”, comentou.

O pesquisador também chamou a atenção para a forma de polinização do pinhão-manso, que é realizada quase exclusivamente por insetos, com predominância de abelhas e vespas. “A polinização por abelhas é muito importante, pois, além de beneficiar a cultura, contribuindo para uma maior produção, vai possibilitar ao produtor uma renda adicional com a produção de mel”, assegurou.

Importância
Encontrado em quase todo o território baiano, o pinhão-manso tem na faixa costeira, a partir do litoral até uma distância de 100 quilômetros, sua maior predominância, mas também é encontrado em diversos municípios do Semi-árido. Pesquisada como fonte de combustível limpo, a planta tem como vantagens sua grande produtividade – que pode chegar a 8 mil quilos de sementes por hectare; a produção de óleo por semente – uma amêndoa produz até 40% de óleo; a adaptação a diversos tipos de solo, clima e altitude; sua colheita - realizada na estação seca; e ainda a propagação – que é tanto via sementes como por estaquia.

Combustível limpo (menos poluente), o biodiesel tem como sua principal fonte as plantas oleaginosas, com destaque para a soja, o girassol, a mamona, o gergelim, o amendoim e o dendê, a canola e o algodão, dentre outras. Entre as novas opções está o pinhão-manso, já cultivado em diversas partes do mundo, sendo a Índia e a Tailândia seus maiores produtores.

Nesses países o óleo produzido é utilizado para fins medicinais e na produção de sabão. Na antiguidade, também foi utilizado na iluminação pública e de residências. O fato que mais chama a atenção é que, quando queimado, o óleo de pinhão-manso não produz fumaça nem deixa resíduos no ambiente.

Como se trata de uma espécie que produz bem em altitudes de até 1.000 metros, e com índices pluviométricos de 300 a 1.000 milímetros, em faixas de temperaturas médias de 20 a 28ºC, os pesquisadores da empresa vêem amplas possibilidades de cultivo em todo o estado da Bahia. Outra vantagem da planta é com relação ao plantio e colheita, realizados manualmente, o que absorve um grande contingente de mão-de-obra, fato considerado de grande relevância, do ponto de vista de inclusão social, para a agricultura familiar.

O pesquisador salienta que “o pinhão-manso não veio para competir com a mamona, como vem sendo propalado. Essa cultura pode ser plantada em áreas de baixa altitude, onde não é recomendável o plantio da mamoneira, sendo mais uma alternativa para o sistema produtivo do agricultor”, salientou. Outro fator destacado por Benedito Carvalho é que o óleo do pinhão-manso serve exclusivamente para a produção de combustível, enquanto o óleo da mamona é, preferencialmente, indicado para o uso industrial na ricinoquímica.

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