04 junho 2007

Deputado Paulo Magalhães (DEM) mais gordo e mais rico

Parlamentares que tiveram nomes incluídos na investigação da Operação Navalha, da Polícia Federal, também são alvos de análise sobre a sua evolução patrimonial. O resultado da avaliação de bens revela curiosidades e incertezas.

O mais rico dos deputados citados é o baiano Paulo Magalhães (DEM-BA). Ao pedir registro de candidatura à Justiça Eleitoral, em 2006, ele declarou patrimônio de R$ 14 milhões. Oito anos antes, em 1998, ele possuía bens no valor de R$ 1,4 milhão. Na prática, é possível dizer que o deputado ficou 900% mais rico nesse período.

Quem revela a maior variação patrimonial nesse período é o deputado Olavo Calheiros (irmão do senador Renan Calheiros) (PMDB-AL), com acréscimo de bens num patamar de 4.260%. Em 1998, o deputado Calheiros declarou ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Alagoas propriedades que chegavam a um total de R$ 90 mil. Em 2006, indicou bens no valor de R$ 3,9 milhões.

Pesquisa aos documentos obrigatoriamente apresentados pelos parlamentares à Justiça Eleitoral demonstra ainda que o ex-deputado José Ivan de Carvalho (PPS-SE), preso e liberado no decorrer das ações da Operação Navalha, teve bens acrescidos em 184%. Em 2006, declarou R$ 1,9 milhão. Em 1998, era dono de uma patrimônio de R$ 687 mil (corrigidos). Carvalho é acusado pela Polícia Federal de agir em favor da construtora Gautama, para conseguir liberação de R$ 6,8 milhões destinados às obras da adutora do Rio São Francisco. De acordo com as investigações, Zuleido teria pago R$ 50 mil pela ajuda do ex-deputado.

Na Bahia, os grampos da PF alcançaram o deputado federal Paulo Magalhães (DEM), sobrinho do senador Antonio Carlos Magalhães (DEM). As escutas indicam que a Gautama teria pago R$ 20 mil ao parlamentar democrata. O deputado negou envolvimento.

Quanto à evolução patrimonial do empresário e deputado Paulo Magalhães, sua assessoria explicou que o acelerado incremento se deve a uma indenização de R$ 10 milhões ganha em função de um processo movido durante mais de uma década contra o Banco do Estado da Bahia (Baneb), adquirido pelo Bradesco. Tudo registrado na Receita Federal e na Justiça Eleitoral, acrescentou um assessor do parlamentar.
Procurado por A TARDE, Paulo Magalhães não quis dar entrevista.

Nem concordou em responder às perguntas encaminhadas ao seu gabinete por e-mail. Assessor do parlamentar limitou-se a informar a existência de registro da ação contra o Bradesco no site no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O resumo de informações sobre o processo (número 0061170-0) encontrado no site do STJ demonstra que a indenização foi paga em função de prejuízos à empresa Pesqueira Porto Seguro. O relator do processo foi o ministro Humberto Gomes de Barros.

No âmbito da Operação Navalha, inquérito da Polícia Federal investiga se a quadrilha formada por funcionários da Gautama exercia influência sobre ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) em benefício da empresa.

As gravações telefônicas autorizadas judicialmente revelaram que no dia 7 de julho do ano passado, Rodolpho Veras, filho de Zuleido Veras, dono da Gautama, falou com pessoa identificada apenas como "Nonato" sobre Fátima Palmeira, que intercederia junto ao ministro Guilherme Palmeira.

As gravações telefônicas mostraram ainda o dono da construtora Gautama, Zuleido Veras, combinando com o deputado federal Paulo Magalhães (DEM-BA) uma maneira de pressionar ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) para tentar beneficiar a empresa em um processo. No dia 4 de abril deste ano, Zuleido pede ao deputado Paulo Magalhães que pressione o ministro Ubiratan Aguiar.

Diante da divulgação de seu nome, o ministro Aguiar disse que nos dois casos que envolvem a Gautama, e em que foi relator, deu voto desfavorável à empresa. Ele diz não conhecer Zuleido e que não esteve com Paulo Magalhães neste ano.
No mês passado, o parlamentar baiano também negou quaisquer envolvimento com o assunto. Desde que seu nome foi relacionado à Operação Navalha, Paulo Magalhães evita conceder entrevistas a A TARDE, muito embora tenha sido insistentemente procurado.

LIGAÇÕES TELEFÔNICAS – Outros trechos de conversas telefônicas interceptadas pela Operação Navalha revelaram pagamento de R$ 20 mil ao deputado Paulo Magalhães.
Segundo a PF, o deputado teria recebido o dinheiro de empregado da construtora Gautama no início do mês de maio, em seu gabinete.

O relatório da PF mostra que Veras e Magalhães conversaram por telefone duas vezes no último dia 4 de maio. No segundo contato, pouco depois de 17h30, Paulo Magalhães confirma que recebeu a visita de Florêncio Vieira, empregado da Gautama, encarregado de lhe entregar "o material".

Florêncio Vieira foi preso pela Operação Navalha. Nos textos da PF, aparece como autor de saques em agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Cabia a ele transportar dinheiro "para os lugares onde seriam consumados os pagamentos".
Na segunda conversa do dia, depois da entrega do dinheiro, "Zuleido diz: ótimo", registrou a PF na transcrição da conversa, encerrada com o acerto de um encontro pessoal entre o deputado e o dono da empreiteira.

Nessa conversa, Paulo Magalhães diz que gostaria de ver Veras pessoalmente. O relatório das escutas indica: "Zuleido fala sobre pagamento de R$ 20 mil a deputado, os quais foram entregues pessoalmente por intermédio de Florêncio no dia 04 de março de 2007".
LENILDE PACHECO - "A Tarde"

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